Durabilidade da construção em madeira
Durabilidade da construção em madeira
A durabilidade de uma construção em madeira pode ser elevada. Há exemplos de igrejas de madeira (igrejas Stavkirke na Noruega) com séculos de existência e temos vários exemplos no nosso património histórico que provam que a construção em madeira pode ser durável (construção pombalina, coberturas, pavimento, etc.). Contudo, também proliferam os maus exemplos, em que a durabilidade da construção em madeira não foi devidamente promovida. Mas estes casos resultam de erros – na conceção, no projeto, na seleção dos materiais ou na construção propriamente dita. Na verdade, a falta de conhecimento técnico promove a multiplicação destes erros. Mas são erros e não devem ser olhados como prova de uma menor durabilidade da construção em madeira.
De uma forma genérica, a durabilidade das construções em madeira está relacionada com dois aspetos: i) a durabilidade natural da espécie de madeira e ii) pormenor construtivo.
A durabilidade natural de uma espécie representa o nível de defesas que essa espécie oferece aos agentes de degradação, sem qualquer tratamento. É sabido que há espécies de madeira que são mais duráveis que outras em determinadas aplicações. Cabe-nos analisar a durabilidade natural da espécie de madeira no contexto do nível de agressão (degradação) que a aplicação, a obra, representa. Este processo está devidamente normalizado pelo que não há qualquer razão para não ser feito de uma forma informada e sustentada tecnicamente. A norma EN 350 define a durabilidade natural das espécies de madeira mais utilizadas na construção e a norma EN 335 define as classes de risco (nível de agressão) associadas a cada tipo de construção.
Caso a durabilidade natural da espécie não seja adequada (suficiente) para a classe de risco (risco biológico) correspondente à aplicação, é preciso tratar a madeira. Em função da classe de risco define-se o nível de profundidade de tratamento necessário. Mas nem todas as espécies de madeira são suscetíveis de serem tratadas, ou admitem o mesmo nível de tratamento (profundidade de penetração do produto preservador). Daí que a seleção da espécie de madeira a usar deverá ser analisada com cuidado, tendo em conta também a durabilidade da construção tendo em conta a sua envolvente (classe de risco).
Por outro lado, a durabilidade de uma construção de madeira está muito associada ao pormenor construtivo. A pormenorização deve promover a ventilação da madeira e evitar a acumulação de água. Deve-se procurar reduzir o contacto direto da madeira, em particular na sua direção longitudinal (é nesta direção que estão alinhadas as fibras pelo que se torna fácil o transporte da água no interior das fibras nesta direção), com todas as possíveis fontes de água.
A conceção assume assim particular relevância. De notar que é possível conceber uma construção de madeira que apresenta elementos, ou subestruturas, com distintas durabilidades, pensadas para diferentes níveis de agressão e que em consequência, podem/devem apresentar planos de manutenção específicos. Por exemplo, um revestimento exterior pode ser materializado por uma espécie de madeira com uma durabilidade natural superior, sendo que este revestimento, protege elementos com uma durabilidade natural inferior. A durabilidade natural do revestimento superior pode ser reforçada através da aplicação de um produto preservador adequado para a classe de risco em questão, e a este, poderá estar associado um plano de manutenção que permite este nível de proteção por um período de vida útil da obra mais longo.
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